quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Plebiscito com gosto de primeiro voto

Plebiscito com gosto de primeiro voto


Há quem diga que os jovens de hoje não se envolvem em política como os de antes. Outros afirmam ainda que votação no Brasil só tem participação massiva porque é obrigatória. Mas, o que leva eleitores entre 16 e 18 anos, cujo voto é facultativo, a se posicionarem quanto à divisão do território paraense e afirmarem que vão às urnas opinar? E como aqueles que vão encarar as urnas pela primeira vez estão encarando este momento histórico para o povo paraense? Para colher essas impressões, o DIÁRIO ouviu jovens eleitores nas três regiões envolvidas no debate, no sul, oeste e da capital - nas quais até as escolas de Ensino Médio já começam a ser tomadas por discursos ideológicos prós e contra à criação das novas unidades federativas.
O Pará tem 334.005 jovens eleitores com este perfil, aptos a votar no plebiscito do dia 11 de dezembro. Basta apenas que eles queiram - e pelos dados do Tribunal Regional Eleitoral do Pará, a vontade é refletida em números. Até setembro deste ano, foram emitidos 134.667 títulos de eleitores de primeira via.
A jovem Cristina Vasconcelos, 17, faz parte desta estatística. Ela tirou o documento em outubro, devido a proximidade da maioridade, e vai encarar o plebiscito como a primeira oportunidade de fazer valer sua opinião. “Nós somos responsáveis pelas escolhas, opinar neste momento é mais que um dever cívico, é um exercício de cidadania.”, disparou a moça.
Ao lado do namorado, Albert Abud, 18 anos, que também vai votar pela primeira vez, ela conta que ensaiam desde o colégio a participação em atividades democráticas. “Sempre acompanhamos eleições para o conselho escolar e delegado de congresso estudantil. Nos sentíamos fazendo nossa parte”, diz Cristina. Já Albert acredita que este é o melhor momento para estrear como participante do maior símbolo da democracia no Brasil, o processo eleitoral. “Estou ansioso para dar o meu voto no plebiscito. Até então não havia tirado meu título porque não estava satisfeito com o trabalho dos políticos, mas a proposta de divisão reacendeu uma chama dentro de mim para participar mais ainda deste movimento e ano que vem escolher quem eu quero que me represente”, justifica.
Quando está em jogo uma proposta que vai atingir diretamente a população - neste caso a divisão territorial do Pará -, alguns jovens sentem-se mais à vontade em opinar, debater e discorrer por horas sobre o assunto. Pelo menos esse é o caso dos jovens de uma escola em Santarém, que se uniram e foram em cada sala da instituição falar da importância da emissão do título de eleitor e da participação no plebiscito. “Chegamos a ensinar como tirar o documento. Realizamos até uma oficina sobre o assunto para que todos tivessem acesso”, conta a estudante santarena Wanessa Matos, 16. Ela cursa o segundo ano do Ensino Médio e está ansiosa pelo momento de votar na consulta.
Wanessa acha importante que o voto para pessoas com a mesma idade que ela seja facultativo, mas afirma que gostaria que as pessoas desta faixa etária com consciência política participassem de todos os processos eleitorais. “Tenho acompanhado os debates, estou com meu posicionamento formado e embasado”, anima-se.
Por outro lado a amiga Isabelle Okada, 16 anos, que também reside em Santarém, vai continuar acompanhando com cautela as campanhas na TV e no rádio. “Espero que os discursos sejam pautados no povo e na vontade deles e não em interesse político”, cobra Isabelle, que tirou o título especialmente para este período.
Mailson Tavares Furtado, 19, tem certeza que seu voto vai fazer a diferença na decisão de se criar os novos Estados de Carajás e Tapajós. Nascido em Tucuruí, no sudeste do Pará, ele tem plena certeza sobre sua opinião. E embora não tenha conseguido responder sobre o dia do plebiscito (ele respondeu que seria 18 de dezembro), o tucuruiense garante que vai exercer seu dever de cidadão.
O rapaz, que mora com os pais, acha certo o voto para o plebiscito ser obrigatório a todos os paraenses. “Vou acompanhar todos os programas eleitorais porque acho importante. Nos programas eles explicam as vantagens e desvantagens da divisão ou não do Estado”, garante Mailson.
Daniele Torres da Rocha Sousa, de 16 anos, mora em Marabá, e também vai votar no plebiscito do dia 11. Ela fez questão de tirar o título de eleitor e votar, dando sua opinião, mesmo que não seja obrigada ainda. Para a estudante do segundo ano do Ensino Médio, maranhense de Grajaú, cada opinião será importante, principalmente a dos jovens. Para ela, o futuro está mais em jogo no plebiscito da divisão do que nas eleições majoritárias, que num ciclo de quatro anos se renovam. “Talvez meu voto faça a diferença, mas não acho certo ser obrigatório no plebiscito, porque muitas pessoas não têm consciência”, destaca a estudante.
Daniele gosta de assistir as campanhas das frentes pela TV. “Assisto para ter mais conhecimento sobre o plebiscito, para saber se a minha decisão é realmente certa, se o que eu estou pensando vai acontecer”. A estudante diz que, em sua opinião, hoje seria a favor da divisão, mas ainda tem suas dúvidas.

( fonte: Diário do Pará)

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